Horacio
Silvestre Quiroga Forteza nasceu em Salto,
Uruguai, em 31 de dezembro de 1878, e morreu em Buenos Aires, Argentina, em 19
de fevereiro de 1937. É considerado um dos maiores contistas latino-americano
de todos os tempos. Um escritor excêntrico e fascinante que conduziu com
destreza a arte da narração e influenciou outros escritores como Julio Cortázar
e Juan Carlos Onetti. A maioria de seus contos é ambientada no espaço selvático
das fronteiras entre Argentina, Paraguai e Brasil, local onde viveu longos anos.
“Conto de amor de loucura e de morte” e “Os desterrados” são suas mais
importantes obras. Os relatos revelam um gênero sombrio que envolve os aspectos
mais estranhos da natureza e, com frequência, matizados de horror, doença e
sofrimento. Leitor voraz de Edgar Allan Poe e Guy de Maupassant, Horacio
Quiroga uniu-se a escola modernista e deixou uma vasta obra em contos, algumas
poesias, duas novelas, além de críticas literárias e para o cinema. Mestre
incomparável, Quiroga idealizou sua produção literária a partir da experiência
vivencial. Dentre todos os contos que nasceram do aguçado e sombrio imaginário
do escritor uruguaio, é difícil encontrar um que seja tão trágico como sua
própria vida marcada por tragédias. Com apenas dois meses de vida, seu pai
morreu vítima de um disparo acidental de sua própria arma. Sua mãe casa-se
novamente, e Quiroga passa a nutrir grande afeto pelo padrasto, porém ante o
terrível sofrimento causado por uma paralisia cerebral, o padrasto suicida-se com
um tiro quando o escritor tinha ainda 12 anos. Em 1901, ano da publicação de
seu primeiro livro, “Os arrecifes de coral”, seus irmãos Pastora e Juan
Prudencio, morrem vítimas da febre tifoide. No ano seguinte, em 1902, outro trágico
e derradeiro episódio marca para sempre a vida do jovem escritor: seu melhor
amigo, Frederico Ferrando é fortemente criticado por um jornalista montevideano
e comunica ao amigo seu desejo de duelar com o mesmo. Quiroga se oferece para
explicar o funcionamento da arma que seria usada na disputa, quando a mesma
subitamente dispara atingindo Frederico e matando-o imediatamente. Após a morte
de seu melhor amigo, Quiroga muda-se para Buenos Aires em 1903 e começa a dar
aulas de espanhol no Colégio Britânico. Em 1906 é nomeado professor
de literatura na Escola Normal nº 8, onde conhecerá sua primeira esposa, Ana
María Cirés. Em 1910, já casado, Quiroga abandona o magistério e passa a morar em San Ignacio. Em 29 de janeiro de 1911,
em sua própria casa, unicamente amparada pelo marido e em meio à selva de Misiones, Ana Maria dá à luz a primeira
filha do casal Eglé Quiroga. Em fevereiro de 1912, nasce Darío
Quiroga, segundo filho do casal, em um hospital em Buenos Aires. Porém, os
conflitos conjugais e as discussões entre o casal são constantes, Ana não se
adapta à vida difícil e ao isolamento na selva de Misiones, e suicida-se, em 1915, ingerindo um tipo de veneno conhecido
como “sublimado corrosivo” (cloreto de mercúrio). Em
1916 Quiroga retorna à Buenos Aires com seus filhos e por influência de amigos
é nomeado contador do Consulado Geral do Uruguai. Em 1926, Horacio
conhece a jovem María Elena Bravo, amiga de sua filha Eglé, com quem se casa em
16 de julho de 1927. Ela com menos de vinte anos de idade e ele próximo aos cinquenta...
No ano seguinte nasce a única filha do casal, María Helena Quiroga, a “Pitoca”.
Mais uma vez, a difícil vida no isolamento da selva gera conflitos conjugais e María
Elena retorna a Buenos Aires com a filha, abandonando o escritor na solidão da
selva. Em setembro de 1936, acometido por fortes dores estomacais, o escritor vai
para Buenos Aires, onde é internado no Hospital de Clínicas e diagnosticado com
um câncer gástrico irremediável. Em 18 de fevereiro de 1937, aos cinquenta e
oito anos, Horacio Quiroga tira a própria vida ingerindo cianureto. Seu corpo é
velado na sede da Sociedade Argentina de Escritores e após ser cremado, suas
cinzas são transportadas para Salto, sua cidade natal. Um
ano após sua morte, Eglé Quiroga, filha mais velha do autor, com apenas vinte e
sete anos de idade suicida-se após receber o diagnóstico de um tumor maligno.
Em 1951, Darío Quiroga, em um rompante de desespero, suicida-se e em 1988 foi a
vez de “Pitoca”, aos setenta anos de idade.
“No se conoce creador alguno de cuentos campesinos,
mineros, navegantes, vagabundos, que antes no hayan sido, con mayor o menor
eficacia, campesinos, mineros, navegantes y vagabundos profesionales.” (Quiroga - “Decálogo del perfecto cuentista”)
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