terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Enfoque objetivo na descrição literária

“Que sabia ele a respeito disso?
Morava na rua Gabrielle, num prédio à beira dos jardins do Sacré-Couer. Subimos pela escada de serviço. Levou muito tempo para abrir a porta: três fechaduras nas quais rodou chaves diferentes com a lentidão e o cuidado que se empregam para seguir a combinação sutil de um cofre-forte.
Um minúsculo apartamento. Compunha-se apenas de uma sala e um quarto, que originalmente deveriam ser um só cômodo. Cortin...
as de cetim rosa, presas por cordéis em fio de prata, separavam a sala do quarto. Esta era forrada de seda azul-celeste, e a única janela escondida por cortinas da mesma cor. Mesinhas de laca negra, sobre as quais se dispunham objetos de marfim ou de jade, pequenas poltronas estofadas em verde-pálido e um canapé coberto por um tecido estampado com ramagens de um verde ainda mais diluído davam ao conjunto o aspecto de uma caixa de bombons. A luz vinha dos apliques dourados da parede.
- Sente-se - disse-me.”



(“Uma rua de Roma”. Patrick Modiano. Prêmio Nobel de Literatura 2014)




Nenhum comentário:

Postar um comentário