quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Olha as estrelas e tem coragem...


Ela lhe apertou a mão com mais força. E Eugênio viu-lhe no rosto uma tão grande expressão de amor, que teve uma sensação de desfalecimento. Nunca ninguém olhara para ele daquele modo. O amor de Isabel era diferente... o de Eunice, não existia. Enfim ali estava uma criatura que se interessava por ele (...) Que tudo dava e nada pedia.
Beijou as mãos de Olivia. Depois olhou-as bem de perto, examinando-as com muito cuidado, como se quisesse verificar se elas eram reais. Olivia acariciava-lhe agora os cabelos muito de leve. Eugênio se sentia feliz, uma felicidade tonta, inesperada, um pouco sufocante. (...) Não! Ele ainda não estava salvo. Ergueu-se de súbito, sentindo arder-lhe o rosto, e caminhou até a janela. Olivia seguiu-o e disse-lhe baixinho:
- Olha as estrelas e tem coragem.
Eugênio segurou as mãos [de Olivia], e sem tirar os olhos do céu, murmurou:
- Se tu soubesses o bem que me fazes. Eu tinha a impressão de que todo o estímulo havia desaparecido de minha vida. Eu me sentia como uma “coisa” ... (...)
Como única resposta ela o abraçou com ternura.


 (“Olhai os lírios do campo”. Erico Verissimo)






Um comentário: